Quando
éramos pequenos costumávamos (minha irmã e eu) ir ao Sítio do meu Avô. Nas
saídas à noite lembro que na estradinha estreita de terra onde andávamos e
ouvia aquelas prosas de pessoas de conversas simples, eles: meus avós e tias
brincavam com a gente apagando a pequena luz que fosse que carregávamos e nos
deixando na mais absoluta escuridão.
A princípio um medo, uma insegurança, e
nervosismo... mas eles logo nos tranquilizavam, dizendo : - Calma, é só a
noite. Em seguida aos poucos um silenciar e uma admiração pela imensa força da
natureza, e por tudo que é absoluto, me faziam finalmente relaxar. Se olhasse
bem podia perceber que as estrelas brilhavam mais, os sons dos bichos e da
nossa respiração eram mais altos, qualquer movimento parecia ser brusco, o
cheiro de mato entrava no peito, a força da simplicidade nos tomava...
Hoje, vejo que aquela brincadeira era coisa
séria. À noite e a escuridão nos proporcionavam um despertar de outros
sentidos. Naquela época eu nem desconfiava que por muitas vezes eu ainda fosse
ter aquela sensação, só que, quando a gente cresce são outros os tipos de
escuridão, mas surgem exatamente como quando meus avós e tias apagavam aquela
pequena luz que carregávamos pelo caminho... Assustam, nos tiram da nossa zona
de conforto, mas depois que o coração se acalma a gente aprende que no escuro
podemos perceber outras formas de luz.
Um dia desses, na estrada da vida, a noite
veio e apagou aquela pequena luz...
...E
NÃO É QUE O CÉU ESTAVA LINDO! ;D